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segunda-feira, 29 de março de 2010

O Iluminismo Rosacruz - texto de Antonio de Macedo

Em 1614, 1615 e 1616 foram publicados na Alemanha, por esta ordem, três tratados ou manifestos que desencadearam o movimento Rosacruciano — ou o Iluminismo Rosacruz, como também tem sido chamado: Fama Fraternitatis («Ecos da Fraternidade, ou da Confraria»), Confessio Fraternitatis («Confissão da Fraternidade») e Chymische Hochzeit Christiani Rosencreuz Anno 1459 («Núpcias Químicas de Christian Rosenkreuz no ano de 1459»).

Publicados anonimamente na Alemanha, os dois primeiros em Kassel e o último em Estrasburgo, a sua autoria tem sido atribuida a Johann Valentin Andreae (1586-1654), pastor protestante originário da Suábia e influente figura da ortodoxia luterana dos princípios do século xvii, e um dos homems mais sábios do seu tempo.

No frontispício do primeiro lê-se a seguinte dedicatória: «Nós, Irmãos da Fraternidade da Rosacruz, oferecemos a nossa saudação, o nosso amor e as nossas orações a todos os que lerem a nossa Fama com inspiração cristã». Nele se conta a história do Fr. R. C. — Frater Rosencreuz [1], ou Irmão Rosacruz —, um «homem iluminado» que viajou por muitos países, incluso no Oriente, onde aprendeu a Magia e a Cabala com os Mestres. Ao regressar à Alemanha decidiu empreender a reforma que haveria de corrigir as imperfeições do mundo, e fundou a misteriosa Ordem Rosacruz juntamente com alguns outros Irmãos.

O segundo, Confessio, é um breviário em catorze capítulos contendo «a mais Secreta Filosofia»; completa o anterior e de certa maneira vem justificá-lo, defendendo-o das vozes e acusações de que os misteriosos Irmãos da Rosacruz já começavam a ser alvo, pois não faltava quem os suspeitasse «de heresia, de ardis e de culposas maquinações contra a autoridade civil» (cap. I). Aqui se esclarece que Christian Rosenkreuz nasceu em 1378 e viveu 106 anos (cap. VI), e que as suas investigações e pesquisas «suplantam tudo o que, desde os primeiros dias do mundo, a inteligência humana inventou, produziu, melhorou, propagou e perpetuou até à época actual, tanto por intermédio da revelação e da iluminação divinas quanto graças aos ofícios dos anjos e dos espíritos» (cap. IV); já o papa, em contrapartida, é considerado, pelo luterano autor do texto, um «sedutor romano que transborda de blasfémias contra Deus e contra o Cristo» (cap. XI).

Finalmente o terceiro, Núpcias Químicas, é um fantástico romance alegórico, dividido em sete Dias, ou sete Jornadas, tal como o Génesis, e conta o modo como Christian Rosenkreuz foi convidado a ir a um maravilhoso castelo, ou palácio, repleto de prodígios para assistir ao Casamento Alquímico do rei e da rainha, ou melhor, do Noivo e da Noiva, interessando-nos este terceiro livro, particularmente, pelas óbvias conotações herméticas que comporta.
Estes três manifestos obtiveram um sucesso considerável e deram origem a inúmeras controvérsias e a imensas obras de inspiração rosacruciana, de que se destacam autores tão marcantes como Michael Maier na Alemanha ou Robert Fludd e Elias Ashmole na Inglaterra, além de Theophilus Schweighardt, Gotthardus Arthusius, Julius Sperber, Henricus Madathanus, Gabriel Naudé, Thomas Vaughan, etc.

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