O Militante das Ordens Inicáticas


Quem é um Pedreiro Livre? É um artesão espiritual, um tijolo do Senhor dos Mundos.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Sonho ou ilusão, de Hiran de Melo

Senhores, espero que estejam todos tendo um ótimo Natal junto às suas famílias.
Trago um ótimo texto que traz em seu bojo uma proposta sobre a Ordem, enviado pelo Ir.’.Odilon Azevedo (
odilonazevedo@hotmail.com) , através do Grupo Bat-Cavernas (Bat-Cavernas@yahoogrupos.com.br) e gravado pelo brilhante Ir.’. Hiran de Melo.

Sonho ou ilusão

Observamos muitos irmãos escritores maçônicos exigirem da Maçonaria uma posição de agente de transformação da sociedade. Acreditamos que seja um grande equivoco esperar hoje que a Maçonaria atue de forma revolucionária, ou de qualquer outra forma que resulte em transformação social significativa.

A Maçonaria real, enquanto instituição civil atua no sentido da conservação do estado de direito. O melhor é dizer que a Maçonaria, enquanto instituição universal espera que os seus filiados conservem o estado de direito da sociedade em que ela se hospeda.

Raramente a Maçonaria atua diretamente; quase sempre age através da ação dos seus membros. Raramente também, o Grão Mestre de uma potência se manifesta sobre questões políticas conjunturais.
Recentemente, pudemos observar que tímidas indicações de que maçom deve votar em maçom, se mostraram desastrosas, e esperamos que não mais aconteçam. O lado positivo destas indicações foi a demonstração de que o maçom deve votar como qualquer cidadão comum, conforme suas convicções políticas e/ou seus interesses.

A maçonaria opera efetivamente no cidadão e, assim, indiretamente na sociedade. Ela opera no cidadão a partir do momento da sua iniciação maçônica, e atua dando-lhe uma oportunidade de caminhar na direção da Luz. Mas a iniciação maçônica é apenas um primeiro passo dos sete necessários à plena iniciação.
A iniciação maçônica propicia as condições para um encontro com o numinoso, mas não possui autoridade para exigir este encontro. Daí porque tanto são os irmãos que estão entre nós sem verdadeiramente serem obreiros na Luz. Muitos reclamam, imploram e rogam por uma Maçonaria ilusória. E muitas vezes declaram solenemente que estão na eminência de perder uma ilusão.

É o melhor que lhes podem acontecer. A Maçonaria não pode ser vista como uma ilusão, mas como um sonho, e entre uma ilusão e um sonho há uma grande diferença. Um sonho é um projeto que você trabalha de forma solidária com os demais irmãos para que ele se realize. Uma ilusão é um mundo em que você habita sozinho.
De um sonho você espera a realização de um mundo melhor para todos; de uma ilusão você vive a reclamar de um mundo melhor feito pelos outros para o seu usufruto.

É bom lembrarmos que a Maçonaria real somos todos nós. E em sendo todos nós, ela não se manifesta de uma forma única; ela também se manifesta diferentemente em cada Oficina. E o conjunto das Oficinas reunidas em um oriente possui a face da classe social de origem dos obreiros que as constituem.
Por exemplo, o Grande Oriente da Inglaterra possui a face da burguesia inglesa abastada. No Grande Oriente da Paraíba a Maçonaria possui a face da classe média baixa, muito mais próxima dos pobres do que dos abastados. Os valores contidos nos nossos troncos de beneficência ou de solidariedade são retratos da nossa face; com eles nada socialmente significativo pode ser feito.

Ao contemplar o lugar a onde se celebra a sessão maçônica é possível entender porque o Irmão Guilherme prefere chamá-lo de Loja e não de Templo.
Há três anos atrás, um pequeno grupo de missionários mórmons chegou ao bairro do Centenário, na cidade de Campina Grande, e alugou um pequeno imóvel. Hoje está erigido um edifício que ocupa toda uma quadra. Este sim, certamente, o irmão Guilherme poderia nos permitir chamá-lo de Templo.
Foi construído com as doações dos pobres convertidos daquele bairro. Lá, a maioria das casas é colada, mas, ninguém reclamou de tão grande contradição. Dificilmente iremos encontrar algum maçom morando nestas condições: casas coladas, gritos de vizinhos, etc.

O que nos falta? Transformar a sociedade? Transformar a Maçonaria? Ou cada um de nós buscarmos completar a plena iniciação?

Para responder a estas questões, propomos ver a Ordem como uma instituição que objetiva auxiliar os seus obreiros no projeto pessoal de serem melhores hoje do que foram ontem, pela via iniciática.
A Ordem trabalhando sobre o pedaço de universo que está sob a responsabilidade de cada obreiro, e cada obreiro tendo a responsabilidade de ser um lugar onde a Paz, a Ordem habita. Sendo que neste projeto, a primeira missão é estabelecer a paz interior, pois, não havendo paz interior não haverá paz exterior.
Se você é uma pessoa dividida, na qual as partes que lhe compõem estão em conflito, como poderá promover a paz exterior? Como pretender construir uma sociedade justa e perfeita se os obreiros são seres divididos e em conflitos interiores?

A missão que propomos para a maçonaria é de contribuir para colocar a paz no interior de cada obreiro (desbastar a pedra bruta, construção do Templo Interior, recolocar a Ordem no obreiro) e assim fazendo estará contribuindo efetivamente para colocar a Ordem no Universo.

Parece uma idéia estranha, mas quando um obreiro se esforça para recolocar a ordem em si mesmo, em seus pensamentos, em suas emoções, no seu corpo, ele efetivamente está contribuído para recolocar a Ordem no mundo, para estabelecer o Reino da Paz anunciado pelos profetas. Lembremos que na construção de um Templo, nossas pequenas ações estão ligadas àquelas de todos os demais irmãos, e que, através de nossos sonhos comuns, de nossas ações comuns, um mundo melhor é possível. A possibilidade de um mundo melhor hoje, agora, neste instante, não é uma ilusão.

Hiran de Melo

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